Aprendizados Summit Future of Nutrition – FISA 2025

Por Carol Godoy.
Entre os dias 26 e 28 de agosto de 2025, participei do Summit Future of Nutrition, realizado no São Paulo Expo como parte da Fi South America.
Foram dias de imersão em debates sobre inovação, ciência e comportamento de consumo que reforçaram a importância de estarmos sempre atentos às transformações do setor de alimentos.

Neste artigo, compartilho os insights mais relevantes que trouxe desse encontro, que, sem dúvidas, podem inspirar novas soluções para o nosso mercado.
1. Regulatório como motor de inovação
A cada ano que passa, os Assuntos Regulatórios estão ganhando protagonismo nos fóruns de inovação. Na abertura do evento, Patrícia de Castilho, Gerente Geral de Alimentos da ANVISA, apresentou números que impressionam:
- Agenda regulatória com 100% dos novos regulamentos planejados com antecedência;
- 41 atos normativos em alimentos no último ano;
- 25 consultas públicas e 44 diálogos setoriais;
- Atualização da lista positiva de aditivos a cada três meses;
- 33 temas prioritários abertos para contribuições até 15 de setembro.
Outro destaque foi o comentário de uma palestrante argentina, que relatou o encerramento do departamento que aprovava novos ingredientes no seu país. A Anvisa foi citada como modelo, sendo referência de transparência e previsibilidade regulatória no Mercosul.
O recado foi claro: regulação dinâmica, previsível e dialogada oferece um ambiente favorável à inovação. Não existe outro caminho para empresas que buscam ser inovadoras, e as que não buscam, estão no caminho errado.
2. Biodiversidade e upcycling: inovação com impacto
Outro grande tema foi como biodiversidade e reaproveitamento de subprodutos (upcycling) estão moldando o futuro da indústria:
- Dr. Osmar Netto, pesquisador apoiado pelo GFI, apresentou um case inovador: fermentação da farinha de babaçu, transformando amido em proteína, com impacto positivo nas comunidades extrativistas do Norte do país.
- Dra. Rosana Goldbeck, da Unicamp e cofundadora da BioInFood, contribuiu com colocações sobre a importância da ciência/ academia caminhar junto com a iniciativa privada. E ela mesmo, é docente e fundadora de uma startup que desenvolve proteínas análogas ao leite
- Em painéis sobre “Inovação Sustentável para Novos Ingredientes — Upcycling e transformação de resíduos em ingredientes valiosos”, speakers destacaram a necessidade de uma mudança cultural: enxergar resíduos como matéria-prima de valor e não como descarte. Uma mudança cultural necessária a ser implementada.
3. Biotecnologia em escala industrial
A biotecnologia é, sem dúvida, um dos pilares que podem redefinir o setor de alimentos nos próximos anos. O congresso mostrou um panorama adiantado nessa cadeia, trazendo empresas que já estão avançadas no tema:
- Typical, representada por Eduardo Sudney, apresentou o desenvolvimento de proteínas de fungos por fermentação líquida, com biomassa contendo 45% de proteína e 35% de fibra, com escalabilidade prevista para o final de 2025.
- BioInFood, com Gleidson Teixeira, mostrou como a levedura pode ser usada para produzir xilitol a partir de casca de aveia e até reduzir o açúcar de sucos, mostrando o poder da biotecnologia aplicada.
- O painel “Biotecnologia na Produção de Alimentos” trouxe discussões sobre fermentação de precisão e ingredientes bioinsumos, incluindo carne cultivada.
4. Consumo, comportamento e neuromarketing
Os estudos apresentados pela Innova Market Insights e pela Givaudan mostraram como entender o consumidor é essencial para inovar com propósito.
- Top 3 tendências de consumo: saúde do cérebro, controle de peso e saúde cardiovascular, com nichos como Keto e produtos para menopausa em crescimento.
- Neuromarketing e o “efeito Proust”: a conexão entre sabores, aromas e memórias emocionais é um diferencial competitivo. Esse fenômeno, popularizado pelo filme Ratatouille (2007), reforça que marcas que entendem o lado sensorial do consumo criam experiências mais profundas e memoráveis.
Investir em pesquisas sensoriais e testes de mercado é indispensável para transformar dados em experiências que realmente conectem com o público.
Reflexões finais
O Summit Future of Nutrition reforçou que a inovação nasce no cruzamento entre ciência, regulação, tecnologia e comportamento humano.
Para nós, na Liotécnica, os aprendizados se traduzem em quatro direções estratégicas:
1. Aproveitar regulamentação dinâmica para acelerar soluções inovadoras.
2. Olhar para a biodiversidade e reaproveitamento — upcycling — como fontes de inovação sustentável.
3. Investir em biotech e fermentação como plataforma estratégica de ingredientes.
4. Entender o consumidor emocionalmente, indo além do funcional para oferecer experiência.
Estou animada com as oportunidades que esses temas trazem e confiante de que podemos ajudar nossos clientes a explorar todo esse potencial. Se quiser discutir qualquer tema específico, será um prazer compartilhar mais detalhes.